sexta-feira, 10 de setembro de 2010

O fato de escrever e sentir.

Já quis escrever algumas outras vezes aqui, mas não me permiti sentar e digitar. Estive confusa com alguns sentidos e conceitos. Sempre me pus a sentir, e todos aqueles que se põem a sentir devem carregar o fardo do incompreensível. Por isso decidi só escrever, não escrever "sobre algo", escrever "algo".
Puramente simples e aleatório, mas não desconexo.
Uma professora comentou ontem sobre uma obra da literatura Escocesa ou Francesa (ou seria Irlandesa ou Inglesa? - por fim isso não importa). O interessante é o contexto em que um certo autor desenvolveu uma certa narrativa. Ele estava sentado a tomar chá e comer biscoitos numa agradável tarde e começou a escrever... e lá se foram umas 300 páginas de memórias, lembranças, desejos, inquietações e pensamentos. Sem ordem definida, sem sentido explicitamente definido. Apenas permitindo-se levar por tudo aquilo que lhe passava.
Senti inveja. Quis fazer também. Senti que fazíamos isso, todos nós, mas só com os pensamentos, dificilmente com as palavras escritas.
Lembrei que as vezes nos perdemos nos pensamentos. São tantos e tão bons que, muitas vezes, não conseguimos expôr ao outro com toda a magnitude de significação que tem pra nós. Aliás, o mundo é, para cada um de nós, ímpar.
Quando a professora falou da tarde com chá, por exemplo, me ocorreu: algo com azul-esverdeado-claro, chá quente sem me importar se tinha ou não cor, tarde nublada, parque rodeado de árvores e uma mesa, singela e branca, de ferro e trabalhada. E eis o meu cenário quando se fala de chá e produção literária. Mas e o sentimento? Qual sensação carrego, além das imagens e percepções compositivas dessa tarde? Paz, calmaria, felicidade, família, nostalgia.
Passei pela Nobel (livraria) também esses dias. Vi dois livros que muito me interessaram, mas eu não estou lendo nem todos que preciso da faculdade. Mas dessa vez senti algo especial (sim, estou o tempo todo sentindo as coisas, as pessoas, e as inter-relações entre elas e mim), quis escrever. Romantizar. Escrever um livro! Uma história, muitas histórias. Sempre que preciso criar algo escrito por vias de minha concepção e criatividade me sinto entusiasmada. Não sei se sou capaz, no final das contas. Não por falta de "capacidade" de criar, mas sim por "paciência de sentir". Desculpe, mas não é sempre que estou lá muito disposta pra me permitir pensar o que sinto. Agora mesmo estou irritadíssima de estar em frente ao computador. Pensei em deletar tudo que escrevi até agora e esperar um outro momento, mas já escrevi algumas coisas que eu queria.
Esse deve ser o problema!
Entendi!
Vocês já leram "Alice no País das Maravilhas"? Pois é, se não se sabe onde quer chegar, qualquer lugar que chegar está bom.
Cometi um erro. Um grave erro. Precisaria saber onde quero chegar antes de começar a escrever.
Acredito que a escrita seja mais uma forma de expressão de sentimentos e sentidos. Alguém que não escreve com sensibilidade consegue fazer um bom texto? Eu não sei, acho que não. Os bons textos têm sempre um "Q" pessoal, de inquietação, de entusiasmo e desejo.
Enfim,
vou embora. Estou irritada, sei lá com o quê.
Obs.: Deve parecer que sempre quero fugir dos meus textos, talvez seja isso mesmo.

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