"Nas escolas, nas ruas, campos, construções, somos todos soldados, armados ou não. Caminhando e cantando e seguindo a canção. Somos todos iguais, braços dados ou não. Os amores na mente, as flores no chão, a certeza na frente, a história na mão" [PRÁ NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES - Geraldo Vandré]

Eu deveria ter nascido na época da ditadura. Talvez por ter uma natureza revolucionária, uma alma descontente com o que vê e o que vive e que tem uma busca desenfreada por mudança, por verdade, sede de justiça, vontade de amar, de ser feliz, de ter paz. Teria me dado muito bem naquele ambiente, nas revoluções, nas passeatas, na luta contra a repressão, me sentiria tão feliz e realizada.
Os estudantes eram tão presentes nessas revoluções. Onde estão eles agora? (na Reitoria da USP, mas só lá?) Tudo bem que naquela época todos tinham um inimigo comum: o regime autoritário. E, diga-se de passagem, do prazer que se tem de contrariar as regras, deveria ser ótimo lutar pela democracia no Brasil, ter ideais e idéias. Será que o sonho de democracia que nossos pais, avós e bisavós imaginaram é o que vivemos hoje? Por que os jovens não estão presentes nas manifestações contra o que os prejudica? Por que aceitamos todas as imposições do governo sobre nós? Por que continuamos calados, não vendo, não ouvindo e não falando? Afinal o que estamos esperando? Estão vendo o rumo que este país tem tomado? Estão conscientes das decisões políticas que influenciam sua vida? Onde estão UMES, UNE, escolas, professores, intelectuais? Sumiram todos? Não acredito nisso.

"Pois aquele garoto que ia mudar o mundo agora assiste a tudo em cima do muro. Meus heróis morreram de overdose, meus inimigos estão no poder! Ideologia eu quero uma pra viver" [IDEOLOGIA - Cazuza]

Realmente odeio quando me falam: “Odeio política!”, há um poema chamado “O analfabeto político” ele é demais, mas infelizmente o que eu tenho a fazer por pessoas como estas que dizem odiar a política? Tentar colocar-lhes algum conhecimento ou discernimento sobre política. Eu só não entendo como não se interessam por aquilo que determina suas vidas. Não ligam para reformas, leis, avanços econômicos, é inacreditável. Onde estão os estudantes? Onde estão os seres pensantes desse país? Pode ser que a politicagem que vemos já tenha nos cansado a tal ponto que tudo que nos parece com política nos deixe saturados e desinteressados. Mas pense bem, se nós, pessoas de bem não procurarmos uma mudança e deixarmos o barco andar sozinho quem se preocupará realmente com os brasileiros? Nós somos a juventude que precisa de conhecimento para mudar essa situação. Nós somos os que precisam mudar esse país (mais conhecido como joça).
Gostaria que todos pudessem pensar como cidadãos, cidadãos do mundo. Interessante seria se todos se juntassem numa mesma causa, afinal somos uma mesma classe: Seres humanos.
Estou com sede de ver outros Gilberto Gil, Chico Buarque, Geraldo Vandré, Olavo Bilac, Glauber Rocha, Patrícia Galvão, Cacá Diegues, Olga Benário, Anália Franco, Vladimir Herzog, Caetano Veloso, Edu Lobo, Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Milton Nascimento, Nara Leão, Elis Regina, entre tantos outros brasileiros intelectuais da música, das artes e que se engajavam na luta política. Sede de ter um bom poema para ler, um bom livro pra expandir, uma boa música para ouvir. Sede de conhecimento, de liberdade, de verdade.

"A gente vai contra a corrente até não poder resistir. Na volta do barco é que sente o quanto deixou de cumprir" [RODA VIVA - Chico Buarque]

A mídia influencia-nos muito, afinal é a “janela” que temos para o que acontece no mundo do lado de fora de nossas portas. A Rede Globo cresceu muito durante os anos do regime militar. Coincidência? Para o historiador norte-americano Thomas Skidmore: “sua expansão foi abertamente favorecida pelos governos militares. (...) Em troca, a Rede Globo seguia uma política de programação estritamente pró-governo”. E todos se lembram, claro, de quem foi Roberto Marinho, não é?
Nos tempos floreados da ditadura militar no Brasil uma outra figura bastante conhecida que deu o ar de sua graça foi o rico empresário paulista Paulo Salim Maluf, um dos homens que detinham a confiança dos líderes da repressão militar. E hoje onde está esse senhor? Após ter sido preso, foi reeleito. E o povo quer mudança? Qualquer pessoa com a cabeça no lugar e os parafusos devidamente presos não dariam seu voto a este crápula.
Li um livro chamado: “Brasil: nunca mais” que ganhei de uma professora da EMEF Othelo Franco, chamada Antônia. Este livro é narrado pelo Arcebispo da Santa Sé. Um homem de Deus que falava sobre as torturas e muitos casos tristes de seus fiéis na época da ditadura. É terrível ler este livro, Um dos mais fortes sobre a ditadura. Muitos não conseguem terminar de ler, é inevitável não se comover.
Eu quero mudança, eu exijo mudança, estou começando por mim.